domingo, 23 de março de 2014

"Se cada um cuidasse da sua própria vida o mundo seria melhor"

Especialistas sobre a realidade contemporânea concordam que uma marca do nosso tempo é o individualismo: "Cada um por si..."; "a vida é minha e eu faço o que eu quiser"; "Se cada um cuidasse da sua própria vida o mundo seria melhor"... Será? Talvez seja exatamente esse o problema: cada um está preocupado, demais e somente, com a sua própria vida! Muito entretenimento produzido para que as pessoas possam permanecer horas isoladas sem precisar encontrar outras pessoas. Até mesmo as mensagens cristãs denunciam esse individualismo: apelos pessoais, conversão pessoal, salvação pessoal, promessas aos indivíduos, um Deus pessoal. Não temos mais um Deus, mas, cada um tem o seu deus. Por isso, posso orar para que o meu time vença, posso pedir a Deus que me ajude a ganhar na loteria, posso exigir dele prosperidade financeira sem que isso seja fruto do meu trabalho, posso até, pedir que ele destrua os meus inimigos. Afinal, o que importa é ser feliz, que Eu seja feliz, nem que às custas dos outros! Quando me deparo com um obstáculo que seja maior que eu mesmo, logo desisto. Sequer cogito a possibilidade de que se me aliasse a mais um, dois, dez, ou mesmo milhares ou milhões, os desafios que muitas vezes parecem impossíveis, tornar-se-iam insignificantes.
A mensagem de Efésios, escrita pelo apóstolo Paulo "aos santos e fiéis em Cristo Jesus que estão em Éfeso"(1.1), não é uma carta geral para os habitantes de uma região ou cidade, mas, aos santos e fiéis em Cristo Jesus que estão em Éfeso. E, ao referir-se à igreja em Éfeso, Paulo também não está falando a uma elite espiritual, ou apenas a um tipo de clero ou presbitério daquela comunidade. A carta é, portando dirigida a toda congregação, uma comunidade de fé. Não posso, portanto, partir do pressuposto que essa mensagem seja compreendida por todo mundo. No capítulo quatro, o texto fala de unidade. A Igreja é corpo. Essa unidade não se dá por decreto ou convenções, mas, é possível naquele que deu sua vida por amor ao mundo e envia seu Espírito. Sabemos, agora, o que somos. Já sabemos o que recebemos de Cristo. Conhecemos os propósitos que Deus tem para com a vida. Então vivamos a altura disso. Paremos de viver como escravos na casa do Pai.
Unidade e comunidade não significam igualdade. A igreja ou uma comunidade não se dão num sistema igualitário. Deus é criador e não alguém que fabrica em série. Homens são diferentes de mulheres, um homem é diferente de outro homem e uma mulher é diferente de outra mulher. E, na igreja, não pagamos por uma prestação de serviços. Na verdade, pagamos para servir. Pagamos em dinheiro, bens, tempo e talentos. Se alguém ainda não compreendeu que não tem mais nada para receber em troca, então está fazendo religião. Ainda não entendeu o Evangelho, ou, entendeu, mas decidiu que isso é perigoso demais para os seu planos. Quais os desafios que esse texto apresenta para nós que somos individualistas vivendo numa sociedade individualista?

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